Le Artista da capa * 285, Maria Inês


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* Originalmente publicado a 28 de Abril de 2011, na Le Cool Lisboa * 285

Le Capa * 285

por Maria Inês

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* Originalmente publicado a 28 de Abril de 2011, na Le Cool Lisboa * 285

Le Entrevista a Vik Muniz por Rafael Vieira + Carla Henriques


Por Sueli Ferreira de Souza

Vik Muniz está por Lisboa a acompanhar o lançamento de Lixo Extraordinário e para viabilizar - assim o desvendou - uma exposição em nome próprio em Lisboa. Trocámos umas palavras durante o festival FESTin, que continua no Cinema São Jorge até Sábado, dia 30.

Apresente-se e fale-me um pouco de quem é Vik Muniz, o homem por detrás do artista (ou o homem feito artista).

(Risos) O homem. O Homem é um homem normal. Simples. Acho que não tem muito mistério. As pessoas tem uma tendência a fantasiar um pouco a imagem do artista. Vem do facto que tem um aspecto histórico disso, os artistas quererem fazer aprender a gostar através dos tempos. Você vai imaginar sempre vidas conturbadas. Eu tinha esse defeito, imaginava artistas cortando orelhas, nunca vendendo quadros. É uma ocupação como qualquer outra, que não dá direito a saber mais. Do ponto de vista político, por exemplo, as pessoas acham que o artista vai saber mais da sociedade. Uma pessoa que vê através das coisas, que tem uma visão aprofundada. Eu sou contra, do ponto de vista político ele não sabe mais do que o padeiro, o policial ou o torneiro mecânico. Muito pelo contrário. Tem uma visão muito superficial da maneira como as coisas funcionam, pois vive num mundo meio fantasioso. Um mundo de imaginação.

Le Entrevista ao Teatro de Marionetas do Porto por Rafa

Somos uma companhia de Teatro com Marionetas, gostamos de encontrar problemas para a seguir nos desenvencilharmos deles alegremente por caminhos desconhecidos... A congeminar diariamente e em conjunto somos neste momento 7 pessoas oficialmente com funções diferentes que passam pela Sala de Ensaios, Oficina e Produção.

Na oficina nascem os protótipos e mais tarde as marionetas ou os objectos cinéticos, no escritório fervilha estrategicamente toda a produção e divulgação dos espectáculos, e na sala de ensaios, onde pessoalmente me encaixo com mais 2 colegas actores, lá viajamos compulsiva e transversalmente em todas as direcções possíveis tentando contagiar ao máximo os viajantes.

Mas é claro que o lema é realmente não nos abstermos de fazer o que é necessário sendo que nos auto-intitulamos multi-facetados, é realmente uma característica importante. (Sara)

Não se poderá dissociar a própria história e o crescimento do grupo do papel imenso do João Paulo Cardoso? Ele era um pai - um mentor - um artista do/para o grupo? (gostava que deixassem uma pequena nota de homenagem) Eu cresci a ver os Patafúrdios e o Gaspar - eu sou formado pelo trabalho do João Paulo [Seara Cardoso].

O João Paulo foi o criador e autor central de toda a obra criada para o Teatro de Marionetas do Porto. Foi o grande motor deste Teatro, tendo criado uma obra ímpar. Um artista com uma sensibilidade extrema que revolucionou o teatro de marionetas em Portugal e as nossas vidas. As suas criações colocaram a marioneta no centro também de uma reflexão filosófica. Cada criação era uma nova invenção, uma nova revolução, dada a forma como de cada vez a necessidade e urgência em criar novos desafios para novas respostas se impunha à equipa e muito especialmente aos actores/intérpretes.

A vivência contemporânea, o cruzamento com outras disciplinas e universos artísticos criaram uma marca que jamais será apagada na memória.

O João Paulo foi um criador/Mestre, no sentido de ter uma ideia do mundo e dos desejos a cumprir, e ter todo o tempo para se dedicar a essas ideias férteis, dando-lhes forma, conseguindo contagiar e entusiasmar equipas, ensinando caminhos e formas de inovar.  Um espírito inquietante, provocador nunca conformado e sempre a par do seu tempo.

A sua estética já contagiou e continuará a contagiar fortemente todos os que tiveram o grande prazer de trabalhar com ele. Todas as marionetas sentirão a sua falta.

Gostava que derrotassem por palavras a ideia pré-concebida de que Marionetas e Teatro de Marionetas é somente para crianças (irritem-se, gritem, xinguem, dêem-me exemplos, amofinem-se). Eu vejo três grandes exemplos em como não: Svankmajer, os irmãos Quay e o marionetista do filme Being John Malkovich. E vi uma criação há uns tempos no Chapitô do Teatro de Montemuro. Há obra para adultos (não quero dizer de adulto - se bem que a referência seria hilariante)?

O Teatro de marionetas é antes de mais teatro. E nesse sentido, segundo a nossa concepção, dirige-se a crianças e adultos. O preconceito não faz sentido. As Marionetas são um dos signos do espectáculo estão ao serviço das necessidades cénicas. Trabalhar com elas é também trabalhar através delas.  É verdade que existe vários contextos em que se inserem. Apesar de não se dissociarem do lado infantil (que é uma vertente de bastante interesse), elas representam sempre o passaporte para um universo onde tudo é possível dentro de um jogo surreal em que a metáfora é a palavra chave.

O grande eixo criativo contemporâneo do Teatro da Marionetas está focado em Lisboa (com os seus FIMFA, Tarumba e o Museu) ou o Porto e as Marionetas do Porto têm mais do que argumentos para o contrariar? Refiram-me Festivais - participações - colaborações e sinergias que tenham com Porto e periferias.

Uma das principais marcas do trabalho do TMP, através das criações do João Paulo Seara Cardoso sempre foi a contemporaneidade. A apresentação das suas várias criações no Porto, pelo país e também com uma significativa circulação no estrangeiro, criaram uma referência incontornável.

O Festival de Marionetas do Porto, criado em 89, foi também uma das fortes referências para a apresentação no Porto de companhias com universos diversos. Posteriormente surgem outras propostas na cidade que contribuem para que o universo das marionetas exista na sua diversidade.

Pelo país existem outros pólos importantes onde as marionetas são o centro do trabalho de companhias e estruturas, com as quais o João Paulo e o Teatro de Marionetas têm mantido excelentes relações e através das quais as criações do TMP têm  sido regularmente apresentadas, Bime, FIMFA… entre outros.

O Belomonte foi uma vitória? Esperam-se mais umas quantas certamente - refiram e comentem projectos que tenham e que irão avançar. Falem-me do projecto do Museu.

O Teatro de Belomonte foi inaugurado com a estreia de Miséria, integrando o Festival de Marionetas do Porto. Miséria é o espectáculo que de alguma forma marca o inicio de todo um percurso para a Companhia.

Esse espaço, tornou-se num lugar muito especial de apresentações de alguns espectáculos que ficaram em cena, e que fazem parte da memória de muitas pessoas, falamos nomeadamente de Vai no Batalha, Joanica Puff, IP5 ou Óscar. Neste espaço está reunida a equipa de trabalho, a Oficina e a Produção, e será sempre a sala de bolso da companhia, que normalmente trabalha para espaços e dimensões muito maiores.

O Museu  é o último projecto que o João Paulo Seara Cardoso criou, e para o qual todos os esforços serão feitos no sentido de ver o mesmo concluído. O TMP possui mais de 1200 peças, entre marionetas e objectos cénicos com grande interesse expositivo. O Museu poderá ser um símbolo cultural da cidade do Porto.

É verdade que é difícil ser criativo fora da capital - mas a contrariedade aguça o engenho?

O Porto é uma cidade muito bonita e com uma dimensão especial. Naturalmente os artistas vivem da visibilidade, e sair da cidade é quase inevitável. Esta questão colocou-se sempre para os artistas que optaram em ficar. Ficar é o seguir o caminho mais difícil. No Porto a política cultural é algo de distante. Relativamente à criatividade, ela existe ou não.

No caso do trabalho do Teatro de Marionetas e dada a constante inquietação do João Paulo, todo o trabalho realizado com  a equipa do TMP sempre teve uma forte marca que ultrapassa as questões do lugar onde nasce, ou seja, as criações têm a marca do Mundo Contemporâneo. As referências são muito largas e o facto da Companhia viajar imenso, permitiu sempre um contacto directo com as mais diversas referências. Assim, a questão da localização da Companhia no Porto, terá eventualmente a sua única desvantagem na dificuldade de ver apoiado o trabalho de uma forma afirmativa sobretudo se pensarmos na importância que representa para a cidade.

Como é ser actor de uma companhia de teatro de marionetas? É doce conjugar diariamente o verbo marionetar?

Sim, esse é um verbo que anda várias vezes nas nossas bocas... Fundamentalmente marionetar, é atirar sentidos em todas as direcções.

O nosso trabalho é muito especial e nada monótono. Os ensaios, as estreias, estar em cena, ou os momentos de pausa, constituem uma dinâmica muito rica e que está sempre em constante evolução. Numa companhia desta dimensão, os actores têm um trabalho muito activo e muito diverso. Participam muito nas questões, e são constantemente “provocados” para novos desafios.

Falem-me da companhia com um olhar mais íntimo - para o grupo e o ambiente de trabalho que têm.

Um pouco na sequência da resposta anterior, podemos dizer que trabalhar no TMP, é trabalhar num lugar especial.  A dinâmica é muito intensa e variada. Até agora sempre muito impulsionado pelo centro, pelo motor que foi o João Paulo, o trabalho nesta companhia é muito estimulante e activo. A criação, o espírito de equipa, e a vontade de fazer coisas novas, são a forma como estamos nos colocamos dentro desta equipa.

Que produções futuras poderemos esperar vossas? Refiram as do Porto e também digressões.

No mês de Dezembro tivemos "Cinderela" em cena, e em Janeiro a estreia da nova produção infantil "Frágil". Ao longo do ano temos agendados vários espectáculos em digressão e faremos uma ou duas novas criações em função dos apoios que a Companhia irá ter para o seu trabalho.

Agora falem-me do Porto como cidade - é um teatro também de marionetas? Quem puxa os fios por aqui?

A cidade do Porto é como já dissemos uma bela cidade, entre o rio e o mar. Tem lugares especiais e está cada vez mais cosmopolita. É uma cidade que tem tudo para ser atraente e conquistar a vontade de viver e criar projectos. Infelizmente o olhar dos responsáveis é desviante e focado na rentabilização económica. A cultura é algo de profundamente estranho e “coisa” de gente que nada produz. Nós fazemos parte gente, somos sobreviventes inconformados com o estado de sonolência cultural da autarquia. Queremos que a cidade exista!

Sugiram-me uma noite ideal na cidade (pode ser individual a sugestão)

Gare para acabar! (Rui Pedro)

E para finalizar - convidem os leitores a ir ver uma peça das Marionetas do Porto!

Convidamos o público a descobrir a mais recente criação do Teatro de Marionetas do Porto: Frágil que estreou em Janeiro no balleteatro auditório. Esta nova criação tem encenação de João Paulo Seara Cardoso e uma forte participação do colectivo.

Fotografias por Susana Neves
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Teatro Marionetas do Porto | www.marionetasdoporto.pt 




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* Originalmente publicado a 22 de Abril de 2011, no Facebook da Le Cool Porto

Le Entrevista a Joclécio Azevedo por Rafa

Nasci no Brasil, em Fortaleza. Os meus pais faleceram ainda muito jovens e passei metade da vida a viajar e a viver em diversas cidades brasileiras com outros familiares. Há 20 anos fui parar ao Porto a convite de um amigo que escrevia muitas vezes a dizer que se um dia eu o fosse visitar iria me apaixonar pela cidade. E foi de facto o que aconteceu, apaixonei-me não só pelo Porto mas especialmente pelas pessoas que conheci inicialmente e que me fizeram sentir imediatamente integrado e em casa.

Já no Porto estudei Teatro mas posteriormente, quase que por acidente, comecei a desenvolver um interesse cada vez maior pela Dança e pela Performance.

Le Capa * 284


Por Nagazaki

Le Entrevista a Chloe McCloskey por Rafa


Vim do Canadá, estou em Londres e vou para... França; para fugir ao Casamento Real? Oli, o meu lindo companheiro, levou-me de fim-de-semana a Lisboa no passado Outubro para celebrar um aniversário.

Sou a Publishing Editor da Le Cool London. Ajudo o nosso editor - Mat Osman - a fazer o nosso magazine semanal que faz chegar aos londrinos o melhor da música, cultura, noite, comida e experiências que a nossa cidade tem para oferecer.  Também materializo o nosso podcast, o nosso novo blog e eventos de quando em quando. Gosto também de escrever sobre comida, viagens e sobre a cultura hip hop.

Paixões e sonhos que Lisboa te tenha despertado - delicatessen da comida, bebida e noite. What rocked your socks?

Por onde começar? Tivemos uma estadia incrível. Ficámos em Santa Catarina num lindíssimo e moderno apartamento com uma cortina controlada por controlo remoto.

CICLO PARIS NO CINEMA

Paris no cinema é luz, bicicletas com cestos em flor, baguettes. Miúdas com pernas longas e franja, croissants, charme em estado puro. Paris no cinema é a Françoise Hardy no corpo e alma de Isabel Huppert, mexilhões e um copo de vinho do vale do Loire. Paris no cinema são bocas perfeitinhas e inocentes, mais perfeitinhas que inocentes, macarrons e a voz de Jean-Paul Belmondo. Cafés em que apetece viver e a língua mais freudiana do mundo. Paris no cinema é o Claude de há quatro verões, que acabou tudo com uma frase lacónica e a quem pedi que repetisse. Três vezes. Hoje entardeço em Paris, dentro e fora da película.

Onde: Instituto Franco-Português | Avenida Luís Bívar, nº 91
Quando: Às 19h
Quanto: Entrada livre

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* Originalmente publicado a ??, na Le Cool Lisboa * 000

Le Capa * 283


Por Guilherme Almeida

Le Entrevista a Stefano Savio por Rafa


Quem é Stefano Savio, situe-nos a sua ocupação profissional. Sei que divide o seu tempo por Portugal entre o Estoril Film e a Festa do Cinema Italiano (que conquista Lisboa a partir de dia 14 de Abril). Partilhe qual a sua relação com il cinema.


Uma das minhas primeiras tarefas enquanto criança era de gravar em VHS os filmes que passavam na televisão e que o meu pai não podia ver porque estava fora de casa. Aos quinze anos as cassetes de vídeo já não cabiam no meu quarto. Quando tinha vinte anos fui trabalhar num dos maiores arquivos de vídeo da Itália. Durante anos enchi as prateleiras com filmes de todos os géneros. Muitos dos quais nunca foram visionados.

Le Entrevista a Filipe Caetano por Daniela Catulo


Açoriano de São Miguel, veio para Lisboa há treze anos para estudar e por cá ficou. Filipe Caetano respira música, vive no meio dela e não se imagina sem ela. A música foi tomando um papel cada vez mais importante ao longo dos anos. Como qualquer jovem, frequentava festas, clubes, discotecas, mas Filipe não era apenas um party-boy, ele estava atento à alternativa e ao que de melhor se fazia no meio e foi aguçando o gosto e a experiência.

Filipe é DJ FLiP, é um dos elementos dos DOUBLE DAMAGE (juntamente com o colega Rodrigo Schanderl), é dos membros do Distotexas, Faz parte da banda PMDS (o primeiro álbum está quase a sair, fiquem atentos!) trabalhou com a emblemática Rooster Agency e ainda participa em vários outros projectos com actuações ao vivo.

Uff! Querem mais razões? O resultado de todo este percurso musical, contactos que foi estabelecendo e influências? A fundação, em Novembro de 2010, do SPACE Lisboa – juntamente com Rodrigo Schanderl e Jari Marjamaki.

Le Artista da capa * 282, Fátima Castaño


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* Originalmente publicada a 7 de Abril de 2011, na Le Cool Lisboa * 282

Le Capa * 282

por Fátima Castaño

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* Originalmente publicada a 7 de Abril de 2011, na Le Cool Lisboa * 282

Le Vitória 2


Vale Sagrado de Ollantaytambo

Novos projectos. E um par de muletas.

Passei parte do mês de molho, por causa da queda. Mas assim que melhorei, mãos ao trabalho. Reabilitámos um albergue no Vale Sagrado em Ollantaytambo. Raparigas adolescentes que vivem nas comunidades rurais, caminham entre 4 a 6 horas até à escola mais próxima, e daí muitas vezes a meio do ano lectivo acabam por desistir, dedicando-se à producao de artesanato e roupas tradicionais. E como Ollanta nao é excepção, mais uma vez o seu desenvolvimento pessoal, intelectual e profissional nao passa do mesmo que as gerações anteriores. Um americano e uma peruana depois de viverem algum tempo no Vale aperceberam-se desta realidade. Uma antiga escola foi doada pela comunidade a estes dois amigos, que a transformaram num projecto que consistia em dar casa e comida a estas raparigas durante a semana, poupando-lhes o esforço e a perda de tempo na caminhada, podendo voltar às suas famílias pelo fim de semana.