Le Entrevista a Tigrala por Rafa


A propósito do concerto no Jameson Urban Routes neste próximo dia 29 de Outubro ao MusicBox, atiraram-se perguntas a Ian Carlo Mendoza, Guilherme Canhão e a Norberto Lobo - as três cabeças e seis braços dos Tigrala, a ver quem fisgava. Para vos poupar os olhos, abreviam-se os seus nomes nos respectivos Ian, Guilherme e Norberto. As respostas seguem agora, em cascata.

Falem-me um pouco de vocês, quem são os Tigrala e porque será que o nome badala sempre algo a ver com felinos malhados?


Ian - Somos um trio de música instrumental nascido em Lisboa. O nome é uma antiga ideia do Norberto com a qual concordamos; e a palavra em si acaba por ser um jogo em relação à crescente indistinção entre géneros.


Gostava que falassem um pouco de cada um e que depois aproximassem ao vosso trabalho em conjunto.

Ian - Nativo do Norte do México, de uma cidade famosa pela violência, mas a favor da paz e das boas relações humanas. Gosta de conversar com mulheres especialmente ao lusco-fusco, fanático das coisas que voam. Músico com formação clássica mas bastante sui-generis, gosta de carregar a sua fúria para a expor em palco. O grupo é sempre muito liberto, muito natural, e isso sente-se nas músicas, é quase uma labor em tetrix-mode, de encaixar e encontrar espaço para as ideias vagas em forma de improviso. Tudo pode ser belo.

Guilherme - Nacionalidade portuguesa, sexo masculino, desbravamento estratosférico por profissão. Tento contribuir nos Tigrala mantendo livre o canal cósmico que desencadeia jogos de influências recíprocas de forma a que possamos surfar amplamente o seu fluxo através do espaço sideral.

Os Tigrala são daqueles objectos musicais que vão surgindo quase como por acaso e causam espanto pela fusão de géneros. Mas foi assim um encontro tão fortuito entre vocês, que vêm de "escolas" distintas?

Ian - Foi. O interessante em Tigrala é cada pôr de si, a sua ideia e nesse sentido a sua escola.

Guilherme - O que nos aproximou foi o facto de não irmos à escola.

Norberto - E o amor pela pastelaria conventual.

Quais as vossas origens e referências? Isto é pergunta da praxe, claro, mas façamos um exercício - para cada um de vocês os três - para um hipotético quarto elemento da banda, a quem vos apeteceria convidar e porquê?

Ian - Tudo esta na música de orquestra mas o rock está sempre próximo e presente. Eu convidava (e todos devem concondar) o João Maria Lobo, baterista lisboeta, que colabora com o Norberto em Norman e com Carlos Bica em Matéria Prima. É um músico incrível com um sentido sonoplástico espectacular.

Guilherme - Um infinito grupo de pessoas e povos oprimidos desde tempos imemoriais até hoje, desde o primeiro negro que foi raptado das costas africanas aos que escolhem arder no fogo em protesto, todos unidos num único grito por liberdade e justiça que ressoaria durante muitas décadas.

Norberto - Subscrevo as opiniões dos meus colegas, acrescentando ainda o Akira Sakata, pela aura resplandecente.

Aconselhem-me dois álbuns que andem a ouvir - daqueles fora-da-caixa ou de dentro do baú. Não vale é sugerir coisas de Lobster ou outras como Mudar de Bina.

Ian - Black tape for a blue girl "10 Neurotics" (emprestaram-me há uns dias, é interessante, um pouco estranho) e The Lounge Lizards "Queen of the all ears" (estou sempre a ouvir este álbum).

Guilherme - O EP da Inga Copeland.

Norberto - Thelonius Monk "Alone In San Francisco" e o futuro álbum a solo da Lynn Cassiers.

E a Mbari, digam também algumas palavras quanto ao estado da saúde da música e da edição de música independente em Portugal.

Norberto - Viva a Mbari!

Para quando um salto até fora deste rectângulo? Que se espera dos Tigrala agora, novo trabalho, novas colaborações?

Ian - Temos ideas de concertos dentro e fora de Portugal. Gravámos o que será o segundo álbum e existe a ideia, ainda in-vitro, de fazer um tour por diferentes sítios. Mas primeiro é editar o CD.

Quais as vossas expectativas para este Jameson Urban Routes, para a vossa apresentação? Podemos contar com material novo e alguma divagação também?

Ian - Tocaremos músicas novas e provavelmente, o tempo dá, é capaz de surgirem mais alguns temas no improviso.

Guilherme - Ainda não sabemos. Geralmente a set list chega até nós minutos antes de subirmos ao palco e depois destrói-se automaticamente como na Missão Impossível.

Norberto - Tendo em conta que será maioritariamente improvisado, suponho que haja muito material novinho em folha.

E quanto ao Festival, já tiveram certamente a olhar para o programa, que vos apetece destacar? E o Festival em si, é cada vez mais uma alternativa aos Festivais maiores recorrentes?

Ian - O Festival é interessante, pessoalmente poderia destacar os Owiny Sigoma Band.

Como surge Lisboa no vosso percurso e tracem-me também uma noite em que guiassem alguém pelas ruas da cidade - aonde a/o levariam?

Ian - Aparece por acaso, mas esta cidade é muito marcante e perfeita para os bruxos. Marcava encontro no Adamastor para depois seguir para o Bairro Alto beber um mojito no Roots, depois via-se. Os roteiros surgem de maneira diferente dia-a-dia ou noite-a-noite, a rotina mata a diversão.

Norberto - O roteiro dependeria da pessoa em questão, naturalmente. Mas em princípio ia-se ao Esteves.

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Tigrala : www.myspace.com/tigrala

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