Le Entrevista a Lucas Bora-Bora por Francisco


Fomos almoçar com o Lucas Bora-Bora, onde se falou sobre material musical (amplificadores, pedais entre outros onde a maioria dos mortais são leigos), sobre o génio e magia de Bob Dylan, antes de arrancarem para um fim de semana de concertos em terras Alentejanas. Era necessário encher o bucho para a viagem, da mesma forma que nós enchemos a alma de musicalidade.

Preferes cantar ou tocar bateria?
É diferente. Nos Velhos gosto de tocar bateria, mas não sou tão viciado no instrumento. Eu estou a sentir que não tenho um grande amor pelo instrumento. Eu nos Velhos [O vocalista de Lucas Bora-Bora é o mesmo baterista da banda "Os Velhos") era mais um e ao contrário do [Manuel] Fúria; onde o que se exige é que não sejas mais um, mas que sejas um músico.


E qual é a diferença?

Não te sei explicar...

Sente-se?

Sim, sente-se. Estás ali por domínio e por amor ao instrumento... há guitarristas que, qualquer que seja a banda, gostam mesmo de tocar as suas guitarras, e eu acho que não tenho muito isso. Mas, por exemplo, n'Os Velhos não ia gostar nada de tocar guitarra ou baixo, nem cantar. A minha cena ali é bateria. Nós n'Os Velhos tocamos muito alto e no Fúria eles dizem que toco muito alto...

Conseguiste chegar aonde querias?
Ainda não cheguei a lado nenhum. Ainda é o início.

E qual é que é o teu objetivo com este novo projeto musical?
Eu tenho um ímpeto natural que é fazer canções. Gosto muito.

Fazer canções e não músicas?
Sim, canções porque normalmente têm uma letra e um refrão. Não são coisas que esteja a imaginar para guitarra ou para baixo. São canções que são para cantar. Não tenho nenhuma música, se assim quiseres, que não tenha letra. Quando tu fazes canções podes ficar com elas para ti ou meter no teu iPod ou então podes mostrar ao pessoal. E a maneira como pretendo fazer é de uma forma rápida, ou seja, gravar com grande frequência canções, e relativamente descomprometido, porque a ambição dessas canções de um ponto de vista artístico ainda não é muito elevado. Se um dia for, olha...

E quem é o Bora-Bora?
O Lucas Bora-Bora sou eu. Não tem grande história. Eu tinha as canções e tinha-as gravadas e queria mostrá-las e faltava-me um nome. Nasci no Hawai. Mas ainda houve outros nomes: Lorella Tornado [bicicleta antiga]. Lorella Tornado é a banda do Bora-Bora que vai ser formada por imensa gente. E a Lorella Tornado é a bicicleta em que o Kika [Francisco Cardoso, vocalista d'Os Velhos] andava.

Quantas vezes é que já mudaste o teu plano inicial?
Não mudei muitas... mudei uma vez só. Inicialmente antes de ser o Lucas Bora-Bora, era a Lorella Tornado, que era uma banda idílica, composta por 12 pessoas, com as minhas canções e onde todos iam tocar.

Quando eu depois fiz as gravações quase sozinho, com a ajuda de alguns, tornou-se claro para mim que eu gostava de mostrar aquilo, que aquilo crescesse e que houvesse a possibilidade de tocar em vários sítios. E aí, a existência da Lorella Tornado, onde tocavam 12 pessoas, nesse contexto de tocarem muito e de aparecerem muito, não era possível. Porque não consegues ir a lado nenhum com 12 pessoas tocar quando não te conhecem. Tocas uma vez no máximo.

E onde é que entram os Salto no meio disto tudo? [duas canções do EP  de Lucas, da Optimus Discos, contam com a participação dos Salto]
Os Salto são mesmo adeptos da música eletrónica. Eles aparecem, porque eu já tinha coisas gravadas, mas estavam ainda verdes e um dia os gajos vieram jogar futebol a Lisboa (risos) é verdade, até foi num jogo entre a Amor Fúria e Flor Caveira e depois fomos todos até minha casa. Eu tinha laranja cortada e manga cortada e ouvíamos as músicas enquanto comíamos e como eles gostaram, eu pedi-lhes ajuda. Que fosse ao Porto melhorar e gravar umas coisas que estavam lá. E eles disseram que sim.

E gostaste do resultado final?
Gostei muito mais quando foi lançado do que gosto agora. A ideia era que ficasse exagerado e explosivo. E eu acho que ficou.

Não tens a ambição de te internacionalizares?
Não tenho porque em Inglês não resultaria. Não sei escrever tão bem em Inglês... nem me interessa saber. Se me impusessem isso, até era capaz de dar. Mas não estou muito interessado em ir, nem em escrever canções em inglês, nem gosto de nenhum autor português que escreva em Inglês.

Quando eu gosto mesmo mesmo de uma canção não é só porque tem uns determinados instrumentos que fazem uns sons em conjunto: é porque aquilo tem um significado que me toca de uma forma qualquer. Música brasileira e portuguesa tem isso para mim. Mas gosto muito de músicos Ingleses, mas mesmo assim isso é muito específico.

O Caetano Veloso ou o Manu Chao, trazem uma novidade com as suas pronúncias: o primeiro não é inglês e o segundo não é espanhol. Mas foram projetos que correram bem. Não tenho nada contra cantar-se noutra língua. O que eu estou a dizer é que a mim isso não me diz tanto.

Como é que te caraterizas à malta que não te conhece, que nunca te ouviu, à malta mais velha?
O Lucas Bora-Bora é um compositor de canções que canta, que gravou um disco, o seu primeiro, onde os arranjos das canções apontam no sentido exótico, eletrónico, com alguma experimentação da sonoplastia. Acaba a ser uma manta de retalhos e que continua a fazer canções e vai gravar outro disco e que apontará noutra direcção. Não será uma direcção oposta, mas será diferente.

Contentas-te com pouco ou és ambicioso?
Eu nunca me contento, mas aprendi a não levar a sério o facto de não me contentar com nada. Nunca acho que as canções estejam assim incríveis.

Vês-te a fazer isto daqui a 20 anos com uma legião de fãs gigante?
Daqui a 20, não. Mas daqui a 5 sim. E com uma legião de fãs gigantesca também não... a minha ambição é conseguir ter mais tempo para fazer música e para as fazer mais bem feitas do que o que as tenho feito. Mas as coisas também não vão acontecer de um dia para o outro. Mas estão no bom caminho.

Tens fim para este projeto?
Tenho. O meu objetivo é: nos próximos dois anos, gravar duas vezes por ano. Não sei que discos é que vão ser nem se vão ser discos, mas queria lançar coisas duas vezes por ano. E no fim de 2014, não sei. Eu só quero gravar coisas enquanto tiver coisas boas para mostrar e eu não sei até quando é que vou ter coisas boas para mostrar. Mas eu acho que sou capaz de cumprir estes dois anos. Depois se calhar vou à minha vida, não sei...

Estás contente com o teu crescimento no plano musical?
Estou contente de conseguir fazer canções. Não é sólido, tem vicissitudes: é assim a disparar para todo o lado. Faço um bocado aquilo que me apetece. Dou menos longevidade e aponto para vários sítios. Por isso é que não defino isto como eletrónica ou pop, porque se eu agora fizer outra coisa que não é nada eletrónica, não me espantava muito. É uma coisa que não se define como um caminho...

Links
http://www.facebook.com/Lucasborabora

Sem comentários:

Enviar um comentário