Le Entrevista aos RED Trio por Pedro Tavares


Acrónimos chave para a entrevista:

Gabriel Ferrandini GF
Hernâni Faustino HF
Rodrigo Pinheiro RP
Le Cool - Pedro Tavares 

Como se formou o RED Trio?
(risos)
RP Epá, responde tu!

GF (risos) O Hernani tinha bué vontade de tocar connosco.

HF Eu tocava em situações de bandas em Ad hoc.

RP Todos nós.


HF Tocava com coisas de circunstância e comecei a pensar, pá, porque não fazer uma banda mesmo e convidar duas pessoas para tocar, um trio. Então, eu depois conheci o Rodrigo num concerto do Hot Clube onde tocámos juntos num septeto ou octeto, já não me recordo, do Ernesto Rodrigues e pronto. Depois combinei com ele e conheci o Gabriel na altura em que apareceu aqui na Trem Azul. Estava a estudar bateria e precisava de um sitío para ensaiar.


Ou seja, a ideia partiu de ti então?

HF Sim.

GF A inicial acho que foi do Hernâni, de conjugar as coisas.

HF Porque eu estava um pouco, também cansado da situação do Ad hoc, primeiro porque leva-te a tocar com uma data de coisas diferentes, não há sequência de trabalho e neste aspeto isto é importante. Mais do que eu alguma vez, eu estava à espera.

Falem-me um pouco do vosso percurso musical, no teu caso (Hernâni Faustino) eu sei que és um autodidata.
HF Sim.

GF É um rockeiro.

HF Não, eu sempre toquei em bandas rock desde os finais dos anos 70. Comecei a tocar com bandas da escola e depois parei uns tempos. Tive uma banda que eram os K4 Quadrado Azul, gravámos uns discos, fizemos uns concertos e depois daquilo, eu parei de tocar, e tinha comprado o contrabaixo na altura e comecei só a fazer coisas em casa. Depois convidaram-me para fazer música para um teatro, para uma peça e conheci outras pessoas. Depois com o tempo voltei outra vez a improvisar. Mas essencialmente sou um autodidata, aprendi a ouvir e a tocar.

GF Eu, comecei a tocar para aí desde os 13 ou 14 anos (risos). Depois fui para uma escolinha na Linha, que eu sou da Linha, depois acabei o secundário, fui estudar design e fui para o Hot Clube e estava a fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Depois do Hot Clube, estava a precisar de alguna coisa que o Hot Clube não me estava a conseguir oferecer, ou eu não estava a conseguir encontrar. Descobri que estava a começar um curso na Academia de Amadores de Música de Jazz, que era o primeiro ano, quase uma cena de exprimentação e estava lá o Frazão, foi uma cena que na altura fez sentido ir para lá ter aulas com ele. Estive lá três anos e estou aqui hoje. Mas quando era mais novo estava a tocar punk e ska, era um bocado um clash de miúdo e de conhecer montes de coisas e de estar a tocar com amigos. Foi mais ou menos quando fui parar à Trem Azul, foi no final do Hot Clube. Antes de ir para a Academia foi quando conheci o Hernâni, conheci um pessoal, comecei a dar os meus primeiros concertos. Foi no final de 2007 os meus primeiros concertos. É isso.

RP Eu sou da Covilhã, comecei a estudar música no conservatório local e só para aí por volta dos 17 anos é que comecei a ligar mais à improvisação, porque lá na Covilhã fundou-se uma associação chamada OfMubi que tratava de organizar workshops e concertos com músicos, sei lá, de Lisboa, Porto, fora de Portugal. Foi assim que eu comecei a tomar contato com a improvisação. Aos 18 anos vim para Lisboa, além de continuar a manter o contato com essa associação lá na Covilhã, comecei a trabalhar cá com o Rodrigo Amado, com o Luís Desirat, com o Bruno Parrinha, entretanto fui também participando em vários worshops com o Zíngaro, com o Kovald, Peter Kovald, com o Gunter Müller e até com o Rui Eduardo Paes. E pronto, aos poucos fui-me integrando um bocado aqui, também na cena cá em Lisboa, que na altura era um bocado insípida. Havia muito pouca gente, havia poucos sítios para tocar e foi sendo assim, fui tendo alguns projetos, sempre um bocado como o Hernâni dizia no início, um bocado Ad hoc, ou seja...

GF Tiveste o quarteto com o Rodrigo.


RP Sim, sim esse foi o projeto que eu tive assim durante mais tempo. Aqui em Lisboa os últimos anos têm aquecido um bocado? Tem havido mais sítios para tocar, há muitos mais músicos, tem havido mais oportunidades. Entretanto formámos os três o Red Trio e as coisas têm também corrido bastante mais intensas. É mais ou menos este o meu percurso musical.


Quais são as vossas influências musicais?


RP Um bocado complicado. Eu falo por mim, eu praticamente ouço todo o tipo de música, desde miúdo ouço sempre muita música.

GF Desde que tenha um piquinho gay, tu curtes a cena.

RP Tipo, sei lá, ouço clássica, jazz, rock, música eletrónica, tudo, não é? E, não sei, quer dizer, isso acaba por se refletir na maneira consciente e inconsciente da música que nós fazemos.


HF Há características entre nós, que gostamos das mesmas coisas, há coisas comuns aos três. Mas é completamente, há coisas que o Gabriel ouve que eu já não ouço e que eu não gosto, mas isso até é uma mais valia. Epá, pronto, eu ouço muita música improvisada, muito jazz, rock, música contemporânea, mas tento não ser estanque no género, variar o mais possível. Estar atento também ao que se faz.

RP Uma coisa que é natural no trio é que nós os três temos idades muito diferentes. Ou seja, o Hernâni é o mais velho, eu estou no meio e o Gabriel é o mais novo e isso também se reflete um bocado nos rostos daquilo que ouvimos. Ou seja, é natural que haja diferenças, é aquilo que o Hernâni estava a dizer, há coisas em comum.

GF Há muita coisa em comum.

RP Mas de qualquer maneira, quando estamos a fazer música, acho que trazemos essas influências todas, é o que eu estou a dizer, uma coisa [que entra] consciente e inconscientemente para a música que fazemos. Mas sei lá, agora influências mesmo explícitas no trio, não sei.  

HF Mas é um bocado, porque, seja lá que banda for, acaba sempre por ter um som próprio. Mas no fundo, o que carateriza muito a música do nosso trio é o facto de nós os três juntos dar aquilo, é a soma que dá, é aquele som, e isso, pá, basta tirar um de nós e a coisa vai logo ficar diferente, percebes?

Claro, claro…

RP Ou colocar mais uma pessoa, como foi no caso do Butcher, e do Nate Wooley, o som mudou todo também, não é? Isso também é interessante.

GF Eu acho quando uma pessoa tem uma banda durante muito tempo, no caso dos RED Trio, eu acho que o próprio RED Trio já é uma influência. Tipo, a música do trio já soou ou se tornou uma coisa tão consistente que já é uma coisa por si só. É óbvio que cada um ouve montes de coisas diferentes uns dos outros e também ouvimos muitas coisas em comum, mas o Red Trio já é uma cena, não é? E não conseguimos ser diferentes, é isso.


O que é que andam a ouvir atualmente?


GF Eu só ando a ouvir música brasileira e hip hop, é só o que ando a ouvir. Ouço Bossanova, Hip Hop, e agora descobri umas cenas brutais de música porto riquenha, aquilo é brutal. Vocês só ouvem pop?

RP Sim, popinho, não é? Epá, eu acabo por te dizer a mesma coisa, os mesmos hábitos, não é? Eu acabo por, quando estou a trabalhar ou quando estou a conduzir, acabo por ouvir praticamente até música que é um bocado difícil de dizer o que é que estou ali a ouvir, sei lá, eu também ouço muita rádio.

GF Ouves rádio?

RP Sim! Mas tenho muitos discos que ouço também, especialmente. Eu acabo por ouvir muita música clássica, música contemporânea e improvisação, às vezes rock e música eletrónica também, mas é um bocado…

HF Olha, a última coisa que eu estou a ouvir, é o Motion Trio com o Jeb Bishop. É o último disco que eu estou a ouvir. 

GF Sabes, quem ouve coisas mais esquisitas é o Hernâni.

HF Estive a ouvir o Tom Waits. Assim das últimas coisas que me lembro.

Música porto riquenha, mais concretamente o quê?


GF Epá, não me lembro do nome dos gajos, mas é... (risos), aquilo é uma confusão, é só José não sei quê, aqueles nomes espanhóis marados…

Mariachi…

GF Aquela cena, a bombar, aqueles beats brutais, sempre a abrir. Mas isto descobri mesmo muito recentemente. Mas pá, esencialmente os últimos tempos só ouço mesmo música brasileira e hip hop.

RP Um disco que eu ouvi agora e que me impressionou bastante foi aquele do Jean-Luc Guionnet a tocar orgão, meu, com um gajo na electrónica!

HF Muito bom

RP Muito estranho o disco, porque os tipos gravaram com o orgão em vários pontos da catederal.


O RED Trio que projetos tem em mente a médio e longo prazo?


RP Epá, agora a gente lançou o disco com o Nate, não é? E estamos agora a pensar lançar um disco outra vez com o trio.

Só o trio?


RP Só o trio. Depois de termos estes dois discos em colaboração. Vamos trabalhar nisso agora e ver se para o ano sai.

GF A longo prazo, é um gajo tocar e tentar fazer música boa, não é?


O que vos diferencia da tradição do trio de piano jazz, onde o piano tem sempre um papel fundamental?


HF O que nos diferencia? Nós ao tentarmos, ao fugimos, daquela norma do piano ser o instrumento solista e depois o contrabaixo e a bateria estarem ali a acompanhar.


RP Até porque a música que fazemos é, como é improvisada, o que faz sentido, é uma pessoa estar a tocar com os outros músicos e usar aquilo que os outros tocam para também mudar o discurso. E o que faz sentido é uma pessoa estar, é estarmos os três instrumentos no mesmo plano de igualdade. É a nossa preocupação. É certo que no jazz, na história do jazz, também há trios onde isso também acontece, mesmo no jazz convencional, sei lá, o trio do Bill Evans, aquilo acaba por não ser só o Bill Evans, é muita influência do, é o Scott LaFaro, e qual é que era o outro?


HF Sim, mas os outros também trabalham muito.

GF O Paul Motian.

RP O Paul Motian, mas…

GF Paul Bley, eu recentemente senti essa cena num disco do Ahmad Jamal, meu…
HF Talvez nos primeiros.


GF É nos primeiros, sem ser o, é o “Live at the Pershing Lounge”, acho eu, sem ser aquele outro brutal, não é? Aquele brutal como é que se chama?


RP Mas pronto, como o nosso material também acaba por ser muito sonoro, e muito intuitivo, acho que faz todo o sentido tentarmos partilhar ao máximo, nem é uma questão de oportunismo, é as ideias musicais, é por isso que as coisas funcionam mais nesse sentido.

GF Acho que é uma cena muito democrática, quem tiver ali no momento, quem aparecer com ideias, quem não sei quê, os outros estão ali, já todos a tocar discos, e pá, é uma cena do momento, de improvisação.

RP Qualquer um de nós pode mudar a música, o sentido da música a qualquer altura. É livre de fazer isso

Vocês percebem essa mudança?


RP Sim, quer dizer, também é certo que nós já tocamos há muito tempo. Mas também é por causa dessa confiança mútua, e de nos conhecermos bem a todos, que quando um músico tenta dar, um de nós tenta dar, uma inflexão na música, nós acabamos todos por perceber e conseguimos sempre todos acompanhar, acaba por ser isso.

Que diferenças existem entre os álbuns já editados, pode-se falar numa evolução, existe margem de progressão?


GF Eu acho que do primeiro para o segundo há um salto gigante, no primeiro disco para o disco com o Butcher, não é? Apesar do primeiro disco ter sido muito importante na altura em que editámos, acho que era uma cena muito real e transparente e reflete aquilo que estávamos a fazer na altura. Eu acho que é uma diferença muito grande para o disco com o Butcher.

HF Sim.

GF Que ele empurrou-nos mesmo e pá, foi uma nova cena mesmo.

HF Eu acho que entretanto entre aquele espaço em que o disco saiu, o primeiro disco, até gravarmos o segundo, o trio evoluiu bastante.


Com o Butcher…

HF Não, até fazer com o Butcher.

GF Até.

HF Porque eu lembro-me, depois fomos para Nova Iorque e a nossa música já estava… Parecia que trabalhávamos para desenvolver motivos, percebes? Nós trabalhavamos para desenvolver motivos, de sete minutos, de 10, de 5, que é um bocado o que se passa no primeiro disco.


Mas esses motivos caraterizam um pouco a vossa música?


HF Sim, sim, sim. Nós chegámos depois ao ponto de desenvolver mais isso para outros campos. Ou seja, ter mais improvisação envolvida.

RP Mais livre.
HF Fosse mais livre ainda.

RPentre o disco do Butcher e do Nate, no do Butcher foi muita exploração sonora pura, não é? O disco todo é quase isso e enquanto no Nate acho que já…

HF Eu acho que no Nate a coisa funcionou mais como quarteto.
RP: Sim, mesmo.

HF Um quarteto assumido, o Nate parecia um elemento do trio. Nesse aspeto, é, se tu ouvires o disco…

Já ouvi, já ouvi.


RP Sim, sim. Ele integrou-se perfeitamente connosco, não? É interessante no sentido em que há partes de exploração tão sonora pura, como, como houve no disco do Butcher, mas há outras partes, que se calhar, que não sei dizer se [são] mais jazz, não sei, não sei se fará muito sentido, mas um bocado mais, tipo “idiomáticas”, não é?


Tem a ver com o percurso dele, porque o último álbum que ele edita na Clean Feed, é um, como dizia o Travassos, é um álbum de jazz.


RP Sim, sim, sem dúvida. Ele é, ele é um músico super versátil, ele toca desde jazz a noise.
HF E é super generoso.

RP Poder trabalhar com ele estas facetas todas dele, que também acabam por ser as nossa facetas nossas, não? É o que o Hernâni está a dizer, ele é um músico incrível, integrou-se perfeitamente com o trio, nesse aspeto foi o que foi mais quarteto.


HF Eu acho que é uma evolução e é também querer fazer coisas diferentes, é um outro aspeto. Eu acho que nós já chegámos aquele ponto, ao fim destes três discos editados, de querermos fazer outras coisas, e acho que vamos desenvolver outro trabalho e o trio vai ser diferente.

Nos álbuns, Empire e Stem, porque convidaram outros músicos e porquê instrumentos de sopro?
  

RP Quer dizer, nós decidimos convidar músicos…
GF Nós nunca fomos pelos instrumentos, acho que fomos mais pelo músico em si. E também integrarem-se num quarteto, guitarristas é complicado, isso seria num trio de piano.

HF Em termos de mais valia para a música do trio, achámos que estas duas pessoas tinham universos que de alguma forma iam ser bons para nós.

RP Era um bocado expandir a nossa música também. Trabalhar com músicos que são melhores que nós, têm muito mais experiência, também puxa por nós, não é? E também acho que era esse o objetivo, e acho que conseguimos. Funcionou, felizmente.


O conceito e o processo criativo do Red Trio, nasce com base na improvisação?

RP Sim.
HF Completamente.

  
As vossa composições demonstram um complexo, meticuloso e minucioso processo criativo que resulta em incríveis texturas sonoras. Que pensam sobre isto?


HF São composições, é tudo improvisado. Nesse aspeto é que nós já temos muita confiança no que cada um traz. Nesse aspeto, nós quando estamos a tocar, não nos preocupamos, se vai ser textural se vai ser o quê, sai.


Mas por exemplo, tu na bateria, não exploras um pouco a textura sonora?


GF Eu acho que quando estamos num dia bom, vamos improvisar e às vezes não sabemos o que vai acontecer, e se a concentração estiver lá, se a musicalidade estiver lá, se o som do espaço onde estamos a tocar estiver lá, epá, acho que existe um à vontade muito grande para se explorar. Mas em relação a isso tem muito a ver quando estamos a tocar muitas vezes ou depois de muitos anos a tocar, é óbvio que temos clichés, temos muitas coisas que vão dar sempre ao mesmo sítio, e depois é se temos vontade para contrariar isso. Já fiz isto, olha se calhar posso fazer uma outra coisa, se calhar posso fazer uma cena completamente diferente daquilo que costumo fazer nesta situação, não é, posso estar a tocar muito alto, muito rápido, mas posso estar a fazer uma coisa muito simples, e isso acho que tem muito a ver com o tipo de recursos.

HF Acho que ninguém se quer repetir.


Claro.


HF Todos queremos fazer coisas diferentes.

GF Olhamos para os nossos instrumentos, como [para ver] do que dá para fazer.

HF E de uma certa medida, no concerto com o Nate, a música foi muito diferente do disco, foi outra cena.
RP Sim.

HF Estiveste no concerto do Maria Matos?


Não, não estive, para grande pena minha.


HF É isso, é explorar, e tentar ultrapassar-nos a nós próprios.


Em inúmeros concertos, tanto a nível nacional como internacional, destaco as atuações em Nova Iorque, Chicago e Jazz em Agosto. O que representou isto para vocês?

RP Foram concertos importantes

HF Eu acho que para nós em Portugal, foi ter tocado no Jazz em Agosto.


É um reconhecimento?

HF Sim, numa certa medida de trabalho, daí termos sido convidados para tocar e para nós foi uma surpresa e foi importante. E depois também o concerto foi eleito como um dos melhores do ano, não foi? E isso são coisas que nos marcam. Mas aconteceram outras coisas incríveis também na Europa.


RP Tocámos na Áustria, na Polónia, na Alemanha. E esse tour correu muito bem.

HF Foi importante para nós, andar assim, 4 dias na estrada.

RP Senti nesses dias, que cada concerto era cada vez melhor e à medida que os dias iam passando.
HF O último, acho que foi em Hanover, foi o melhor de todos.  Se calhar foi dos melhores concertos que já demos. Epá, sei lá, o concerto de Nova Iorque foi daquelas coisas que nunca mais me vou esquecer
RP Sim, foi especial.
HF A primeira vez que estivemos com o Nate.


O primeiro encontro que tiveram com o Nate?


HF Sim, nós convidamo-lo para tocar nesse festival da Clean Feed, e ele disse que sim, que estava lá e que tocava connosco. Falámos com ele, tipo, sei lá, 10 minutos antes.

RP Sim, pois foi.

HF Foi montar as coisas e começar a tocar, foi incrível!

RP Sim, havia uma energia estranha, estava uma eletricidade no ar, foi muito fixe.

GF Brutal, era no...
RP Cornelia (The Cornelia Street Café).

GF Estávamos completamente amontoados, uns em cima de outros.

HF Foi votado um dos concertos do ano pelo All About Jazz de Nova Iorque.

RP Incrível.

  
E os prémios também têm sido mais que muitos.

HF Sim.
GF Os prémios são sempre boa onda.

HF Este ano fomos outra vez a melhor banda nacional
RP O New York City Jazz Records também considerou o nosso álbum um dos melhores do ano e isso sabe bem.

HF Acho que a história só reconhece as coisas boas, sabes, lá fora.

RP Exato.

HF Os músicos cá também não têm o apoio devido.

RP Exatamente.
HF Se olhares para a Escandinávia ou agora a França, a França está a começar a apoiar os artistas a ir para Chicago ou para Nova Iorque, a facilitar a vida para tocar fora. Aqui não há qualquer espécie de apoio.  Eu se tiver um convite para ir tocar à China, tenho eu que pagar as coisas.

RP Sim.

HF Ou não tocas, não há qualquer tipo de apoio.

RP Também acho que há um preconceito com o resto dos países em relação a Portugal. As pessoas lá fora não imaginam que há música deste tipo aqui.

GF Acho que já há mais conhecimento.

RP Sim, as coisas estão a melhorar, mas não estão estamos em pé de igualdade com a Espanha

Muitos consideram-vos o melhor trio da cena jazzística portuguesa, é assim?

  
GF Isso é possível porque o Rodrigo Pinheiro está na banda (risos)
RP Este gajo… (risos) Mas a cena é, acho isto sempre um bocado estranho porque não tocamos jazz.

É diferente, as pessoas se calhar também pensam isto com base nas atuações no Jazz em Agosto.


HF Vamos pensar, epá, isto é uma responsabilidade incrível. Mas não, o que nós temos que fazer é continuar a fazer a nossa música.

Improvisando…


HF Improvisar, tocar o melhor que sabemos e conseguimos.
GF Epá, é fixe que o pessoal reconheça.
HF Mas é bom o reconhecimento, é muito positivo, quer dizer que o nosso trabalho é ouvido e é considerado.

O RED Trio irá atuar dia 12 de Maio no Hot Clube. Que se poderá esperar dessa atuação?

GF Epá, bué da pica.

RP Bué da pica (risos)
GF Vai ser fixe, acho que é fixe. Acho que o Hot Clube apesar de não ter assim um historial de improvisação, é óbvio que já houve assim muita coisa de improvisação lá, mas não é completamente.

Isso é uma coisa curiosa, isso que estás a dizer, porque eu acho o Hot Clube desde que abriu, reabriu, está mais aberto a novas propostas, novas tendências, neste caso. Digo isto, porque tocou o Rodrigo Amado Motion Trio com o Jeb Bishop e no dia 12 de Maio tocam vocês e isto era raro ver…


HF Nós já tínhamos lá tocado.


Eu sei que sim.


GF Mas foi integrado num festival.
  
RP Epá, quer dizer, eu acho que para o Hot, vou também levar jazz.


HF Eu acho que também às tantas é um bocado isso, é um bocado saberes que o teu trabalho é reconhecido e pronto, é um lado positivo que se calhar nos valeu. O Luís Hilário também já nos viu tocar no concerto…


GF Isso do Hot Club tem muito a ver com o que nós estávamos a dizer, que a cena improvisada era uma coisa mais pequena, era uma coisa mais marginal, agora que está a crescer e há musicos fixes, há discos e há reconhecimento e há tours e festivais. A programação do Hot também agora samba um bocado com isso. "Isto é fixe, funciona, estes gajos tocam bem" e, eu acho que é isso, é deste tempo, não é? A divulgação ajudou também. Porque há muita gente a tocar hoje, há montes de gente a tocar esta música mais livre, há muita gente a fazer isto. E o jazz mais mainstream, sendo ele bom ou não, é muito só uma coisa. Também para eles é fixe ter essa coisa toda.


HF Acho que sim, que comecem a apresentar outros tipo de propostas.


Espero que sim.


GF Eu acho que o pessoal todo da cena improvisada tem um respeito e um carinho muito grande pelo Hot Clube, por isso é que eu digo que é uma grande pica ir lá, porque tem a ver com isso. É óbvio que um concerto nunca é uma coisa banal, mas acho que há uma coisa especial ir tocar no Hot Clube. Há uma magia qualquer em ir tocar ao Hot.


A última pergunta é para ti (Hernâni), é uma brincadeira…


GF (risos)
  

"Rodrigo Piano ao Pinheiro”. Queres recordar esse momento?


HF Epá, não sei, saiu-me. (risos)

Foi com o John Butcher?

HF Sim, foi com o John Butcher, na Culturgest.

RP Stand comedy do Hernâni (risos).
HF Mas acho que no fundo até disse uma verdade.

GF Rodrigo piano no pinheiro (risos).

Acho que foste muito espontâneo.

HF Sim, sim.
GF Mas foi sem querer, não é?

Isso tens de perguntar ao Hernâni.

GF Mas aquilo foi sem sem querer?

_
RED Trio
Site oficial | http://redtrio.info
Myspace | http://www.myspace.com/redtriospot

Sem comentários:

Enviar um comentário