Le Entrevista com Marco Pedrosa (Teatro Anónimo) por El Rafa


Entrevista com Marco Pedrosa, diretor do Teatro Anónimo e diretor artístico do espetáculo “Café Improv”, que partilha com João Cruz.

“Café Improv”, em cena até final de julho, aos sábados, às 21h30, no terraço do NH Liberdade. Foto do espetáculo.

Apresentem-se sem improvisos e sem rede (e podem ou não ter maneiras)

O Café Improv é um espetáculo de comédia de improviso do Teatro Anónimo. Composto por um elenco de nove atores, cada apresentação conta com quatro atores dispostos a deixar tudo em palco, conscientes da loucura de representar sem guião e de irem improvisar sketches cómicos de raiz, ali, no momento. O que posso dizer? É indescritível, a sensação de estar a 5 minutos de iniciar um espetáculo de 1h30 e ainda não saber o que vai acontecer, que ideias vão surgir, que relações improváveis vão acontecer e ao mesmo tempo confiarmos uns nos outros e na nossa experiência para criar as cenas, divertir a plateia e claro, nos divertirmos.




Que expressão adequariam melhor ao que fazem no Café Improv? É teatro de improviso, é stand up comedy, é outro algo?

É comédia teatral de improviso. Baseia-se em algumas premissas como locais, personagens, relações, títulos de filmes e outras para a partir daqui e com regras de improviso especificas, nós atores, construirmos cenas curtas de 3 a 5 minutos. A regra específica de cada jogo dá-nos uma linha, um rumo durante o improviso e é sobre esta matriz que criamos as cenas, os sketches cómicos, espontâneos, que nascem naquele preciso momento.

O que é teatro/comédia de improviso? E como surgiu - ainda é algo novo em Portugal?

A comédia de improviso é uma forma performática em que os atores, através de jogos com determinadas regras específicas, utilizam técnicas teatrais para representar espontaneamente. As cenas são construídas a partir da sugestão dadas pelo público e por vezes requerem mesmo a participação deste. Este é um fenómeno relativamente recente em Portugal. Conta neste momento com alguns grupos em atividade e tem-se verificado uma forte dinâmica neste campo específico do teatro e da representação, com o surgimento de mais grupos nos últimos anos.

É grande a aceitação do público por este tipo de espetáculo de comédia, mais interativo. Este tipo de apresentação está presente há mais tempo tanto nos EUA como noutros países do Norte da Europa.

Como começaram nestas lides e como lidam no dia-a-dia com o dom de debitar improvisos à semana? Perante uma qualquer situação, bloqueiam, ou nem por isso?

Somos atores com formação e experiência em representação, incluindo registos cómicos, e comediantes com formação e experiência em stand up comedy. Eu tive o meu 1º contato com a comédia de improviso nos Improváveis e a partir daí nunca mais perdi o interesse por esta vertente da comédia teatral. O Café Improv estreou-se com espetáculos regulares no Café-Teatro da Comuna em janeiro deste ano, no entanto este grupo já ensaia e já se conhece há um ano e meio. Ensaiamos regularmente para ir aprimorando a dinâmica dos jogos de improviso e corrigindo aspetos mais técnicos. Mas nada disto tem a ver com decorar texto. Com a prática, aquela ansiedade de ir fazer um espetáculo transforma-se numa expetativa positiva, na curiosidade de saber o que se vai passar e que momentos cómicos vamos conseguir produzir.

Que se pode esperar de cada uma das vossas apresentações - há que ter medo ou deve-se perder qualquer medo de palco e entrar no jogo?

Medo? Estamos neste momento a fazer o espetáculo no terraço do hotel NH, no 10º andar, sim, há que ter medo! (risos)

Não, não é preciso, o palco é um espaço para nos divertimos, onde a energia é elevada, onde se respira um ambiente de comédia e boa disposição, porquê ter medo? Os voluntários do público, sim, pois ninguém é obrigado a ir ao palco, são desafiados a participar em jogos e a dar-nos letras do alfabeto, a jogar o cluedo ou a trocar-nos o tempo da cena entre outros...

Bem, quem não se portar bem vai à piscina! Nada demais! (risos)

E agora Lisboa. Que me têm a dizer sobre a cidade - ou o que me improvisariam com as palavras "Lisboa" e "bairro"?

De janeiro até maio estivemos no Teatro da Comuna, em Lisboa, sempre às quartas e quintas, e estamos agora a fazer um especial verão aos sábados na cobertura do hotel NH Liberdade, igualmente em Lisboa, num espaço exterior e com uma vista formidável sobre a cidade. Em setembro voltamos à Comuna. O terraço do NH hotel fica bem no centro de Lisboa, não longe da Madragoa, perto do Bairro Alto, do Castelo ou da Graça. Por estarmos privilegiados com a vista das colinas, já aconteceu estas entrarem como sugestões de locais em espetáculos no terraço.

Sugiram-me também o que fazer numa destas quaisquer noites pela cidade.

Calçar os patins, acelerar pelo túnel do Marquês, passear no Parque Eduardo Sétimo, dar uma curva no Intendente ou talvez, para um programa mais calmo, uma ida ao Bairro Alto com passagem na Bica, falar com 300 pessoas e então dar um salto ao Cais do Sodré e falar com mais 300.

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