Le Entrevista a Manuel d'Oliveira por Rafa


Quem é o Manuel d'Oliveira?

O Manuel d'Oliveira é um guitarrista e compositor nascido e criado em Guimarães, um músico em busca de contínua evolução mas com um especial respeito e devoção pelas suas raízes e, daí resultante, é também alguém cujas paixões e influências lhe vão traçando um rumo.

Partilha o teu percurso profissional em termos musicais e o que te levou a abraçar a guitarra - foi um processo familiar e de contínuo crescimento com o instrumento? Somos nós um país de guitarristas? 

Iniciei a minha aprendizagem musical com o meu pai quando tinha cerca de seis anos e, portanto, posso afirmar categoricamente que foi ele a minha maior influência. Sendo guitarrista, o meu pai passou-me o gosto pelo instrumento, que acabei por abraçar naturalmente. Posteriormente, por volta dos 10 anos de idade e juntamente com o meu irmão, criei o meu primeiro projeto musical, uma banda de garagem de cariz "Rock". Aos dezasseis anos fui viver com o meu pai para Hamburgo, na Alemanha.



Posso dizer que foi aí que desenvolvi grande parte da minha formação enquanto músico, pois tive a oportunidade de conviver e de me deparar com uma grande diversidade cultural. Estive em constante contato com variados artistas que tocavam em bares e restaurantes. Aprendi, desenvolvi, evoluí, fazendo, atuando, absorvendo. Foi esse conjunto de experiências que contribuiu de forma marcante para a minha identidade enquanto músico e compositor.

Portugal é, sem sombra de dúvidas, um país de guitarristas, quanto mais não seja pelo fado e pela influência deste género musical na diáspora portuguesa. Estava aqui a recordar-me de um testemunho que li algures, não sei precisar onde, em que se relatava que na tristemente famosa batalha de Alcácer-Quibir o areal onde se deu a refrega ficou repleto de guitarras partidas, ou seja, podemos quase assumir que os Portugueses, desde há muito tempo atrás, possuem uma relação de muito afeto com a sua guitarra.

A tua carreira como músico inclui imensos momentos em tour e inúmeras atuações em palco que partilhaste com grandes nomes da música e do jazz atual. Como funciona esta mobilidade e como é tocar com alguém com quem cresceste a ouvir tocar? 

É extremamente gratificante e enriquecedor poder conhecer diferentes culturas e partilhar emoções e experiências com pessoas que a determinado momento da nossa vida nos pareciam tão distantes, ou se preferirem,"inatingíveis". De início parece estranho estar em palco com alguém de quem aprendemos a gostar e a admirar mas depois percebemos que muitos deles são pessoas como nós.

Quais as tuas máximas referências no mundo da guitarra (atual ou não, portuguesas e outras)?

A minha maior referência foi e é, sem sombra de dúvidas, Paco de Lucía.

Gravaste o "Amarte" na Praça de Santiago em Guimarães. Como é voltar a tocar na tua terra natal e no contexto da Capital Europeia da Cultura? Encaras isto como uma tripla responsabilidade? 

Guimarães diz-me muito, como se pode facilmente depreender por algumas das minhas composições musicais. É sempre com muito entusiasmo e com especial carinho que volto à cidade que me viu nascer e crescer. Esta foi a 2ª vez [concerto no passado 14 de julho] que piso os palcos da Capital Europeia da Cultura, após ter estado ligado à conceção da cerimónia de abertura. É uma grande responsabilidade e também uma honra.

O concerto de 14 foi com "os" Ibéria, com os teus parceiros musicais, Jorge Pardo e Carles Benavent, que te acompanham já desde 2000. Como tem sido este percurso, existe muita camaradagem na criação, muito material ainda por sair?

IBÉRIA foi o meu primeiro trabalho discográfico de originais e remonta a 2002. Nesse ano consegui realizar um sonho. Para além da alegria de poder editar o meu 1º trabalho, tive ainda a grande felicidade de poder contar com a colaboração de Carles Benavent e de Jorge Pardo, duas lendas vivas do Flamenco jazz e músicos que aprendi a admirar desde cedo. Eles tiveram um papel determinante na minha carreira. Passados dez anos, reencontramo-nos para assinalar esse registo marcante. É não só um reencontro ou um novo capítulo de uma colaboração que se revelou profícua mas também e, sobretudo, um amizade assente em afinidades artística e pessoal. O futuro dirá o que aí vem.

E agora Lisboa, que te apetece dizer quanto à cidade?

A minha segunda casa em Lisboa é o Speakeasy, para além do Gil do Carmo ser um grande amigo com quem partilho a paixão da música, é o local de excelência da música dos clubes de Lisboa.

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Ligações

www.myspace.com/manueldoliveira
www.manueldoliveira.com

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