Le Entrevista a Led Bib por Pedro Tavares


Em antevisão ao concerto no Anfiteatro ao Ar Livre da Fundação Gulbenkian, no próximo 4 de agosto de 2012, os Led Bib (na pessoa de Mark Holub) respondem a algumas perguntas sem se deixarem ficar ao relento. O Jazz em Agosto 2011 findou, viva o Jazz em Agosto 2012!

Como se formaram os Led Bib?

Em verdade, a banda começou como projeto de mestrado na Middlesex University em North London. O meu projeto principal para o curso era o de compor e tocar música com os Led Bib.


Todos os elementos da banda estão também ligados a Middlesex, alguns deles ainda estudam lá, enquanto outros já de lá saíram. No início tinha um alinhamento totalmente diferente que não incluía nenhum dos atuais membros da banda a não ser eu próprio. Passou por diversas alterações e, um pouco antes de gravarmos o nosso primeiro álbum em 2005, eu tinha conseguido juntar o grupo perfeito de pessoas e esse tem sido a banda desde então. 

Como definem a vossa música?

Esta é uma pergunta complicada. Eu tendo a chamar-lhe "jazz", mas isso chateia algumas pessoas que tocam mais jazz tradicional e coloca também de fora algumas pessoas que poderiam estar interessadas. Penso ser uma grande pena que a população geral não sinta que o jazz é uma música tão abrangente como eu penso. E, por alguma razão, as pessoas ficam felizes por pensar no rock como incrivelmente amplo, por exemplo, Frank Zappa, Pink Floyd, Nickelback, Velvet Underground, Kasabian, The Monkees etc. tudo rock, mas para mim, Tim Berne, Charlie Parker, Louis Armstrong, Albert Ayler, tudo jazz. Mas então, é só um nome, certo?

Então, de forma mais genérica, diria que é música improvisada que puxa referências de muitos géneros.

Quais são as vossas referências musicais?

Como referências, diria definitivamente que no início estava a pensar em tipos como o John Zorn, Ornette Coleman, Tim Berne etc. Mas com o correr do tempo acho que isso se alterou de alguma maneira. Tanto no facto de que estou a pensar de forma diferente, mas também porque cada membro da banda ficou bastante integral quanto ao som e o som [da banda] é muito o resultado daquilo que lhes interessa.

Hoje em dia não diria que a ligação com a cena de NY dos 80ies e dos 90ies seja tão clara e estamos a receber imensas outras influências, e penso que existe um muito distinto "som Led Bib", mas isso é também decisão do ouvinte.

A vossa música combina elementos do jazz, funk, heavy metal ou rock: a multidirecionalidade, é sem dúvida uma caraterística do vosso trabalho. Porquê?

Isto é um desenvolvimento muito natural. No início dos Led Bib eu pensava de modo bastante diferente do que penso agora. Na minha mente éramos mais uma banda jazz com algumas influências de outros géneros. À medida que o tempo passava, a música desenvolveu-se e alterou-se e, ainda que a veja como uma banda "jazz", as outras influências assumiram importância. Parece-me que é isto que dá aos Led Bib o seu som caraterístico. É ótimo para um improvisador trabalhar desta forma ampla, mas com a escolha de referência a diferentes géneros quando apetece.

Apesar do Mark Holub ser o líder dos Led Bib, a atuação dos restantes elementos é livre? Existe margem para que cada um dê largas à sua imaginação e progrida em termos de improvisação, ou os espaços estão bastante demarcados?

Os Led Bib foram sempre concebidos com uma banda e não como o quinteto de Mark Holub, mas parece-me que ao longo do tempo isto se desenvolveu ainda mais. Ainda que eu faça a maior parte da escrita, o resto da malta trazem cada vez mais e mais música. Também a sua contribuição quanto à forma como fazemos as coisas é crucial, não apenas nos ensaios, mas também nas atuações. Qualquer um nos Led Bib pode ser líder durante um espetáculo e, às vezes, somos todos líderes ao mesmo tempo.

A crítica e a imprensa em geral tem-vos recebido de uma forma muito positiva. O jornal The Times, por exemplo, descreveu-vos como “o futuro do jazz”. Que opinam?

É muito bom saber que as pessoas gostam... algumas vezes também não gostam!

A coisa mais importante é que te sintas bem com aquilo que fizeste, se outras pessoas disserem que está espetacular, isso é ótimo, mas não poderás ficar todo cheio de ti porque logo de seguida alguém dirá que soa a uma data de instrumentos a ser atirados pela escadas abaixo.

Num vídeo sobre o concerto no Liverpool Philharmonic Hall, ao ouvir a vossa música, recordou-me por vezes um pouco o “Bitches Brew” do Miles Davis. Que pensam disto?

As pessoas, referindo-se a nós, normalmente associam o "Bitches Brew" e o Miles Davis elétrico, e acho que percebo. Não foi certamente pensado assim no início, mas qualquer coisa pode entrar. Suponho que ter uma Fender Rhodes dá-lhe um som muito como "Bitches Brew." É cómica a quantidade de coisas diferentes que as pessoas identificam em Led Bib que, muitas vezes, nem são coisas que ouvimos. Mas claro que esse Miles elétrico é realmente grande e certamente influente.

Porquê a opção de dois saxofones alto?

[A banda] não foi inicialmente concebida como tendo dois sax alto. Quando começámos havia um alto e um trompete e, ainda que a minha memória esteja difusa, não era concebido outro alto. Dito isto, acho que se torna muito bom o alto, pela sua beleza crua. É também ótimo ter o Pete o Chris a tocar porque têm abordagens tão diferentes ainda que toquem o mesmo instrumento. Podiam bem estar a tocar o piccolo e a cítara.

Dos cinco álbuns editados, ganharam o Peter Whittingham Jazz Award em 2005, com “Arboretum”, e com “Sensible Shoes, foram nomeados para Mercury Prize 2009. Que se pode esperar mais dos Led Bib?

Quem sabe? 

Quaisquer nomeações que tivemos ao longo dos anos surgiram sempre como uma surpresa, portanto quem sabe se iremos receber algo mais...

Como praticamente temos imenso novo material e estamos a pensar em gravar um novo álbum, mas sem planos definitivos, espreitem o site para novos desenvolvimentos.

Que se pode esperar da vossa atuação em Lisboa?

Bem, iremos tocar imensas coisas novas e possivelmente algumas que nunca tocámos ao vivo, portanto deve ser entusiasmante! É também a nossa primeira vez a atuar em Portugal, portanto estamos muito expetantes quanto ao concerto.

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Enlaces
www.ledbib.com

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