Le Entrevista a Ana Pracaschandra por Rafa



Fala-me de ti como se entre nós estivesse apenas uma mesa de cafédescontraidamentePassa-me um cigarro, no entretanto.

Ui, se  desafio grande para mim é esse mesmo. Vivo habituada a fazer perguntas aos outros e sinto-me sempre desajeitada para falar de mimBemposso começar por Desajeitada a falar sobre mim mesmaInquieta por naturezasempre curiosa e com uma pergunta na mangaSou observadora e gosto de me guiar pelo hemisfério direito do meu cérebroSou intuitivaemocional e apaixonada por 1001 coisas ao mesmo tempo.

Sou uma especialista em multitasking e um zero à esquerda para me focar em apenas uma coisa de cada vezPor isso sou distraída e atenta a tudo ao mesmo tempo. Sou um paradoxo andante. Insatisfeita à procura de satisfação em cada canto. Um caso bicudo complicadoSou oito ou oitenta em modo agridoce. Como respondi a alguém um dia: «eu nunca disse que ia ser simples».

E o teu nome? Parece saído dum romance de Le Carré se este fosse alfacinha ou um belíssimo reflexo de como andámos pelo mundo. Acerto ou é nom de plume para quando escreves?

Oh, o nome... Fui gozada na escola até aos dezasseis anos. As pessoas pequenas são cruéis com a diferençaHoje em dia agradeço por ter esta “imagem de marca”É um apelido Hindu. Quer dizer qualquer coisa como “Luz da Lua”. O meu pai é indiano. O nome está mal registado… e deu nisto.

Conta-me das tuas lides profissionaispor onde param as tuas ideias e para onde se esvai o teu tempo?

Esvair o tempo… suspiro… Realmente o tempo dissipa-se demasiado rápido para tantos projetos em que quero meter o bedelho. Se  coisa que eu passo a fazer quase todas a santas horas do meu diaé ouvir músicaDesde que acordoquando pego no carrochego ao escritório ou volto a casa. Sou jornalista e colaboro num guia turístico onlineDepois vou fazendo outras coisas em paralelo. Como andei pelos meandros da psicologia antes de me bater de frente com a Comunicação Social, nunca deixei de lado a minha curiosidade pelo desenvolvimento pessoalpor isso entretantoespecializei-me em Metodologias Expressivas e tenho um projeto em mãos que quero desenvolverpara “conquistar o mundo” através da expressão e da criatividade

Vou muito ao teatroVou menos do que queria ao cinema. Adoro palmilhar Lisboa e calcorrear cantos por descobrir ( sempre). Adoro jantar foraBeber um bom vinhoViajar fora dentropela maionese.

Lisboaquantas sílabas de prazer tem este nomeSugere-me  os melhores espaços de entre casas de Lisboa para deambular.

Bemisso é tarefa árduaTerias que me dizer por temaNoiteDiaJardinsMiradourosChásCafésLisboa tem carisma suficiente para podermos fazer um dossier de atividades interminávelMas vou guiar-me pela intuição e responder-te os primeiros que me vêm à cabeça

Se me levantasse de manhã como uma turista na minha própria cidadelevar-me-ia pelos pezinhos para a zona ribeirinhadescia pela Rua do Alecrim, e ia até Santa Apolónia tomar o pequeno-almoço à Deli DeluxVoltava à Baixa e tomava um chá no Fábulasdava uma ronda no MUDEalmoçava no Origami do Príncipe Real, ia ver um filme ao King e acabava a tarde a comer um gelado da Santini no Miradouro S. Pedro de AlcântaraÀ noite, se tivesse todo o tempo
do mundoia petiscar e ouvir um fado na Bela e Petiscos em Alfamabebia um copo de vinho no Bairrus Bodegas, passava na Bica para ver uma curta no Shortcutzdescia até ao Cais e ia abanar-me aos ritmos do RoterdãoAcabava de exorcizar os demónios dançantes no Luxnuma noite de música imperdível como  esta casa tem

Deixei de fora outros mil e um espaços que adoro como a Fábrica do Braço de Prata e as suas noites de bailaricos, a Casa do Alentejo, o Vertigo e o Atheneu, a esplanada do Restaurante Terra, a vista do LeChat e a comidinha vegetariana caseira do Hari Kristna na Rua D. EstefâniaEnfimpor isso é que os dias deviam ter 48 horas e nós devíamos ter sete vidas que nem os gatosLisboa é sexy por todos cantos, e destila prazer por todas as esquinas.

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